quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Somos os que Vamos

Image: Rene Magritte - Os Amantes (1928)



MONOGAMIA. Ao realizar a pesquisa sobre o assunto, para melhor produzir essa breve dissertação, deparei-me com um grande volume de informações, textos e artigos que se contrapunham as questões da vida monogâmica, indicando que o assunto anda meio desacreditado ultimamente. De uma forma geral a "defesa" da monogamia se reduzia a produções de forte cunho moralista como a igreja e o Direito. Portanto é, de certa forma um objetivo, analisar a questão nem como "mito", nem como "obrigação", mas focado nas questões funcionais e existenciais que emanam da questão.

Não por acaso a antropóloga Margaret Mead sustenta que a monogamia é "o mais difícil de todos os arranjos conjugais humanos". É também um dos mais recentes. A ideia da monogamia nasce junto com o turbilhão de ideias que brotavam no mundo ocidental no século XVII. Influenciados principalmente pelas ideias do Romantismo e do Iluminismo. Nesse contexto surge o casamento por amor (versão mais conhecida da sociedade ocidental contemporânea) um fenômeno absolutamente contemporâneo (de no máximo 1 século e meio), que praticamente recria a forma de viver em sociedade. Mesmo casais fiéis e juntos há muito tempo são novatos na monogamia, quer percebam ou não.

Ao tentarem manter um vínculo social e sexual que consista exclusivamente em um homem e uma mulher, esses indivíduos estão contrariando algumas das inclinações evolutivas mais profundas da biologia da maioria das criaturas, uma vez que apenas cerca de 4% das quase 5 mil espécies de mamíferos (incluindo os humanos) formam laços duradouros e monógamos. Evidência irrefutável de que a monogamia é a exceção no comportamento dos animais desse planeta.

Porém devemos compreender que o homem (homo sapiens), uma vez que se organizou e se desenvolveu tecnologicamente, criou uma série de hábitos que passaram a compor os impulsos e reações humanas da mesma forma que os determinados pela Biologia. É claramente o caso das relações monogâmicas, que ao contrário do comportamento das espécies, onde há uma observação mais consolidada há muito tempo, passou a ser estudada apenas a partir da década de1950 quando surgem os primeiros estudos sobre a instituição do casamento e da monogamia

Minha posição pessoal tende a sustentar que a espécie humana não é fisiologicamente monogâmica. Somos seres extremamente hedonistas e libidinosos. Em contraponto sustento que o ideal de monogamia não foi ainda testado por tempo suficiente para que possa ser considerado insatisfatório. Não é possível apontar uma melhor opção na dialética entre monogamia e poligamia sem incorrer em uma linha de moralismo ou canalhismo. Ambos são um dos muitos caminhos que devemos escolher ao traçar nossa trajetória na vida, sabendo que, nesse caso, é possível que caminhemos por ambas (por um pequeno período, naturalmente) as estradas antes de escolher em qual seguiremos.

4 comentários:

Nós disse...

Texto fantástico, com dados precisos e opinião da qual compartilho absolutamente! Então, não há muito o que dizer!
Masss, citando um jovem filósofo da pós-modernidade, discípulo de Zarageist:
"Cada um complementa sua vida da melhor forma e quanto mais complemento, vivenciando Vinícius de Moraes, melhor é a vida... Já escolheu seu complemento?" (Nós)

Nós disse...

A tempo... O ideal de monogamia não carece ser testado, esse sim não faz parte da essência dos animais, sejam eles racionais ou não! Sem incorrer em falso moralismo, seu canalha!!!

Old Cricket disse...

Em que pese o atual massacrante patrulhamento da sociedade ocidental (que moralmente condena a poligamia), já existem precedentes jurisprudenciais (brasileiros) reconhencendo a possibilidade de concomitância de uniões estáveis. De passo a passo, a discussão ficará restrita ao campo social/moral, culminando, quem sabe, em sua própria extinção. Sendo assim, levando em conta a pluralidade do pensamento humano, acredito que o dilema mono/poligâmico deixará de alimentar testilhas, repousando-se no campo da opção de cada um.

\fabricio \bonni disse...

Acho primeiramente que o culpadopor tudo isso seja o walt disney, e todo seus contos ocidentais do amor perfeito e dos principes e pricesas contemporaneas. ja no mundo real o relacionamento monogamico que acaba por cair nos cliches da maioria dos relaciomentos ocidentais, ate por conta do cinema e suas influencias. sinceramento nao acredito no free love, com alguns perfis da vila madalena se encaixam e toleram o apego do outro como algo nao ligado ao bem de consumo ou uma propriedade mas sim algo eterico de real valor humano e nao apenas a merce de situaçoes cotidianas e corriqueiras, com pagar contas e fidelidade. acredito sim que o homem pode um dias estar preparado para uma condiçao menos pragmatica e moralista mas nos dias de hoje diante de tamanha promiscuidade sinto que estamos caminhando cada vez mais para o descaso dos relacionamentos a dois e partindo para relacionamentos que estejam abertos a interpretar novas formas de apegos e de inseguranças dos seres humanos, pois acho que isso num periodo curto de tempo nao deixara de existir. de qualquer maneira acho valido o questionamento embora ache prematuro o fato de encararmos isso como uma solucao para o apego humano seja nos relacionamentos ou seobre bens de consumo.