sábado, 5 de novembro de 2011

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.”
(Fernando Pessoa, Vida Simples, edição 53, p. 69)



(essa bibliografia que citei retirei da internet, pode estar errada, bem provável)
Mas, voltemos a Fernando Pessoa(será que esse poema é mesmo dele? encontro agora um site dizendo que essa é uma falsa atribuição a ele, enfim...), o que penso é que ele como tantas outras foram grandes almas sofredoras, como todas as almas superiores, por assim dizer, são! Superiores no sentido mais romântico da palavra, superiores por sentirem mais com a mente do que com o coração, (ou mais com o coração do que com a mente?), não consigo quantificar bem isso!
Os poetas, em geral, são, segundo essa definição (minha mesmo, rs), almas superiores, o próprio Fernando Pessoa escreveu, e esse é dele mesmo, que 'o poeta é um fingidor/finge tão completamente/que chega a sentir que é dor/a dor que deveras sente...' Ora, fingir uma dor e escrevê-la com tanta genialidade não pode ser coisa de uma alma medíocre.
Como esse texto está sendo escrito aos poucos, dias diferentes, saiu um pouco do contexto acerca da poesia da qual falava, volto, então!
Qual é esse momento da travessia? Existirá um só em nossas vidas? Penso que não... Penso que a cada passo que damos tomamos um rumo diferente que mudará de forma irreparável o futuro ("se em certa altura tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita..."), um respeitado (por mim) autor da atualidade, Gabriel, o pensador, fala sobre isso em uma música que me veio agora à mente, "Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente/A gente muda o mundo na mudança da mente/E quando a mente muda a gente anda pra frente/E quando a gente manda ninguém manda na gente!/Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura/Na mudança de postura a gente fica mais seguro/Na mudança do presente a gente molda o futuro!"... O que passo a refletir é que essa questão que tanto me atormenta agora, atormenta muita gente, atormenta todos.
E isso vale pra tudo, né não? Para questões profissionais, para questões filosofais, para questões amorosas, para as políticas, e tantas outras...
Por um tempo experimentei não querer mudar nada e fazer da vida uma linha reta. Como vejo que fui inocente, inocente e ao mesmo tempo muito prepotente, quem somos nós para, em meio ao despertar da existência, querer regrar alguma coisa... O abismo tá aí, pulemos?