quinta-feira, 7 de junho de 2012

Mulher nova, bonita e carinhosa...


Em 1936 uma multidão juntava-se em Hamburgo para assistir ao lançamento de um navio de treino nazi. Enquanto centenas de pessoas levantavam o braço direito para aclamar Hitler, um homem destacou-se por manter os braços cruzados, franzir os olhos, e se recusar a fazer a saudação.
Mas só em 1991 este homem foi identificado por uma das suas filhas como sendo August Landmesser, um trabalhador do estaleiro de Hamburgo, revela o Washington Post,
A foto publicada num jornal alemão, foi posteriormente divulgada num blog criado para facilitar as operações de socorro no Japão, depois do terramoto e tsunami de março de 2011. A imagem, recuperada também numa página do Facebook, rapidamente deu a volta ao mundo e já conta com quase 30 mil partilhas.
Ao que parece, Landmesser tinha uma razão muito pessoal para não fazer a saudação. De acordo com um site sobre o campo de Auschwitz, pensa-se que o homem terá feito parte do partido nazi entre 1931 e 1935, no entanto foi expulso por ter casado com uma judia, Irma Eckler.
Depois de ter duas filhas com Irma, foi preso por “desonrar a raça”. Acredita-se que Irma terá sido detida pela Gestapo e levada para uma prisão em Hamburgo. As filhas, Ingrid e Irene, foram separadas: uma ficou a viver com a avó materna e a outra foi levada para um orfanato até ser adotada por uma família.
Landmesser foi libertado em 1941 mas rapidamente foi chamado a servir na guerra. Pouco tempo depois foi dado como desaparecido e todos julgaram que tinha morrido em combate.
Em 1996, uma das filhas, Irene, resolveu escrever uma história com o objetivo de contar ao mundo como o regime destruiu a sua família. 16 anos mais tarde, a narração espalhou-se pela Internet e foi revelado mais um tesouro histórico.
(FONTE: http://migre.me/9ouP3)


A ideia que se extrai do episódio apresentado pode levar a inúmeras conclusões. Destaca-se, todavia, apenas duas delas, quais sejam, a primeira é que tudo aquilo que é igual, leva, inevitavelmente, ao mesmo lugar: o lugar-nenhum. E a outra surge com a evidente força que o sexo oposto traz consigo, ora, muito distante de apenas se negar um gesto a determinado movimento reacionário, está juntar-se ao inimigo (como eram tidos os judeus) e com eles criarem uma prole.

Para que se ocupe um lugar de destaque em uma sociedade (e para a própria sociedade) é imprescindivelmente necessário não ir pelas linhas por ela mesma construídas. A imagem é um claro exemplo disso. Qual seria o nome do sujeito ao lado de August Landmesser? Teria filhos? Família? Pouco importa! Ele só é um número... Já Landmesser não, ao enfrentar (atacar de frente) as barreiras impostas pela sociedade, muito mais que qualquer outra coisa, pôs-se contra uma série de regras. E aquele que se põe nessa posição, assume suas próprias responsabilidades, seus próprios atos com suas consequências, tornando-se livre, portanto. É natural, no entanto, que tais posturas criem certas dificuldades momentâneas, mas, nos dízeres de outro alemão (que também não seguiu os ditâmes de sua época) "aquilo que não te mata, te fortalece" e sabe-se que quem quer passar além do bojador, tem que passar além da dor... rs

Um outro aspecto importantíssimo reside na questão do porquê dessa postura. É certo que, fatalmente, Landmesser devia ter seus ideais, suas posturas firmes, mas é muito mais certo que a presença de uma mulher nessa história foi crucial para que ele tenha assumido tal postura e encarado todas as consequências. Pois é, foi assim com Helena, Roxana e com a mulata do Virgulino Ferreira, o Lampião... Por que seria diferente com o alemão?

Não é difícil concluir, portanto, que tudo é assim desde que o mundo é mundo, e que Freud, em rasa visão que se tem sobre seus estudos, com sabedoria concluiu que por trás de toda ação humana tem um interesse e que, na exacerbada maioria das vezes, esse interesse está ligado a uma coisa: sexo!!! Ademais, para se fazer notar, não basta manter-se na gigantesca linha da mediocridade, há que se ter pensamentos firmes e posturas ainda mais rigorosas para assumí-los.