quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Poemas...



Como primeira postagem, seria legal não me colocar como autor principal. Não por nenhum motivo em especial, mas pelo simples fato de que não tenho absolutamente nenhuma ideia do que escreverei, mas sei que quero tornar um hábito...

Então, até tomar uma forma, ou encontrá-la, postarei poemas, e tentarei comentá-los!

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que ele não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão
Esse comboio de corda,
Que se chama coração.

Fernando Pessoa


Há bem pouco tempo que li pela primeira vez esse poema, aliás, sempre falei a primeira estrofe errada (e só sabia ela).
Depois de lê-lo, então, achei mais maravilhoso do que já imaginava! E acho que é bem assim mesmo, não? Sempre olhamos para nossos erros passados, e, se já estão superados, em todas as suas consequências, de fato nos sentimos bem, não pelo que sentimos, mas por tê-los superados, acreditando sempre que o que não mata engorda, uma maneira obesa de citar Nietzsche.
E assim, nossa razão, vai sendo levada por nossos sentimentos, porque quanto mais nos achamos racionais menos somos...