domingo, 11 de dezembro de 2011

Do latim, anxietate


Usualmente, só recorremos ao dicionário para descobrirmos o significado de palavras até então ignoradas ou a correta grafia de determinado vernáculo.


Porém, uma viagem por este "celeiro de ideias vivas" para conhecermos o exato significado de palavras rotineiras, surpreendentemente, pode nos ajudar a compreender determinadas situações e sentimentos.

Hoje pela manhã, o medo, este substantivo masculino que, pelo léxico, consiste na "Perturbação resultante da idéia de um perigo real ou aparente", desembarcou nos meus sentimentos  para uma estadia que promete ser menos breve do que eu gostaria.


Às vésperas de minha primeira cirurgia médica, acordei neste domingo perturbado. O perigo de uma cirurgia, ainda que hipotético, mexeu com minha psique e com o meu corpo. O temor do negativo, a dúvida do novo, refletiram diretamente em meu estômago. É impressionante como a mente e o físico estão intimamente ligados.


Para não deixar esse sentimento negativo tomar conta, lembrei dos benefícios que irei auferir, caso a cirurgia seja bem-sucedida. Desde a mais simples atividade - como subir uma escada, até a mais complexa que já consegui desenvolver (jogar tênis), retornarão ao meu cotidiano que, justamente pela lesão, anda bem pouco emocionante.


Me enchi de esperança. 

Esperança! 

Corri para o dicionário e me deparei com uma definição simples, porém extremamente ilustrativa: "Aquilo que se espera, desejando."

Foi então que me indaguei: O que é capaz de produzir, alternadamente, medo e esperança? O que faz me angustiar com a chegada e, ao mesmo tempo, a desejá-la com veemência?

Pesquiso mais um pouco e encontro a palavra que pode responder esses meus dominicais sentimentos; Leio sua definição de acordo com a Psicologia: "Atitude emotiva concernente ao futuro e que se caracteriza por alternativas de medo e esperança". 


É isso! De novo, é a maluca da ansiedade!






quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994)

Rua Nascimento Silva, cento e sete
Você ensinando prá Elizete
as canções de canção do amor demais
Lembra que tempo feliz, ai que saudade,
Ipanema era só felicidade
Era como se o amor doesse em paz
Nossa famosa garota nem sabia
A que ponto a cidade turvaria
este Rio de amor que se perdeu
Mesmo a tristeza da gente era mais bela
e além disso se via da janela
Um cantinho de céu e o Redentor
É, meu amigo, só resta uma certeza,
é preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o amor
Rua Nascimento Silva, cento e sete
Eu saio correndo do pivete
Tentando alcançar o elevador
Minha janela não passa de um quadrado
A gente só vê cimento armado
Onde antes se via o Redentor
É meu amigo só resta uma certeza
É preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso amor



É um fato que tenho recebido reclamações de milhares de leitores sobre esses temas EMOs que nós, os autores, estamos produzindo.
Ocorre, no entanto, que ao tentar fugir para outro espaço deparei-me com a triste data de falecimento de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o nosso Tom. Buscando homenageá-lo, então, achei essa música que o não menos genial Vinícius de Moraes fez ao Tonzinho (como o chamava).
Extraio dessa letra a infeliz e já conhecida constatação de que o passado é sempre melhor...
Já foi tema, inclusive, de outros textos deste mesmo blog! Mas é inesgotável esse mote, por ser inesgotável esse sentimento.
Ao olharmos para trás tudo parece um sonho, partes ruins existem, mas tornam-se pequenas, distantes, nós acabamos virando heróis de nossas próprias histórias, sempre dá-se um jeito, arruma-se uma desculpa para que tenhamos agido de determinada forma em certo momento, "não tinha como ser de outra maneira", "era o melhor a ser feito", e então, resolvemo-nos conosco mesmos, uns com álcool, outros com drogas, outros com ajuda profissional, e os que sucumbem na depressão.
Há quem queira viver a vida ao máximo, cada instante, sempre e tudo. Com isso são muitos os arrependimentos que a frente surgem, então busca-se viver mais ainda para não se tenha mais deles no futuro! Quanta ilusão...
O fato do passado ser maravilhoso ou, no mínimo, melhor que o presente é fatalmente um recurso do nosso sub-consciente visando não sei a qual objetivo. Denegrir o presente? Glorificar o passado? Não sei, mas a psicologia deve ter alguma explicação (tentativa) para isso.
A magia está no único instante que pode ser mágico: AGORA! Por mais hedonista que essa "clichética" frase é, ela também é a mais pura realidade, ao menos aos que não têm muitas expectativas para o além-morte. Para esses a vida deve ser muito mais fácil...
Não quero me estender, a única ideia foi lembrar e singelamente homenagear o Maestro mais Brasileiro que tivemos, temos e sempre teremos!!!